quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Almeida Garrett

João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, nasceu no Porto a 4 de Fevereiro de 1799 e morreu em Lisboa a 9 de Dezembro de 1854. Escritor e dramaturgo consagrado da época romântica do século XIX, a quem agradecemos o esforço na edificação do Teatro D. Maria II.

Garrett passou a adolescência na ilha Terceira, pois para lá teve de se deslocar com a famíla por causa das invasões francesas.

Em 1816, tendo regressado a Portugal, inscreveu-se na Universidade de Direito, em Coimbra, tendo sido aí que entrou em contacto com os ideais liberais, que lhe valeram de novo novas retiradas do país, um pouco mais tardeEm 1818, por lhe ser atribuída a alcu nha de "o bacorinho" começa a usar o apelido de Almeida Garrett, proveniente de uma avó sua, assim como toda a sua família.Participa activamente na revolução de 1820, de que parece ter tido conhecimento atempado, como parece provar a poesia As férias, escrita em 1819. Enquanto dirigente estudantil e orador defende o vintismo com ardor escrevendo um Hino Patriótico recitado no Teatro de São João.

Em 1821 conclui o curso em Coimbra, onde publica o poema libertino O Retrato de Vénus, que lhe vale ser acusado de materialista e ateu, assim como de «abuso da liberdade de imprensa», de que será absolvido em 1822. No fim do ano, em 11 de Novembro, casa com Luísa Midosi.

O golpe militar Vilafrancada, em 1823, acometido por D. Miguel, absolutista, põe fim à primeira experiência liberal em Portugal, e leva Garrett para o exílio. Estabelece-se em Março de 1824 no Havre, cidade portuária francesa na foz do Sena.

Tem uma vida de escrita (nomeadamente, na publicação d' O Português, diário político, literário e comercial) e política tão activa que vai ser preso, libertado, acabando por voltar ao exílio por motivos políticos.

Garrett conhece bem França, Inglaterra, Bélgica, Dinamarca, o que lhe confere mais conhecimento e maleabilidade cultural e política para continuar a intervir nestas vertentes, envolvendo-se, mais tarde, no Setembrismo, dando origem à sua carreira parlamentar. Em 28 de Setembro de 1836 é incumbido de apresentar uma proposta para o teatro nacional, o que faz propondo a organização de uma Inspecção-Geral dos Teatros, a edificação do Teatro D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática. Os anos de 1837 e 1838, são preenchidos nas discussões políticas que levarão à aprovação da Constituição de 1838, e na renovação do teatro nacional.


Em 20 de Dezembro é nomeado cronista-mor do Reino, organizando logo no princípio de 1839 um curso de leituras públicas de História. No ano seguinte, o curso versa a «história política, literária e científica de Portugal no século XVI».

Em 15 de Julho de 1841 ataca violentamente o ministro António José d'Ávila, num discurso a propósito da Lei da Décima, o que implica a sua passagem para a oposição, e o leva à demissão de todos os seus cargos públicos. Em 1842, opõe-se à restauração da Carta proclamada no Porto por Costa Cabral. Eleito deputado nas eleições para a nova Câmara dos Deputados cartistas, recusa qualquer nomeação para as comissões parlamentares, tal como toda a esquerda parlamentar. No ano seguinte, ataca violentamente o governo cabralista, que compara ao absolutista.

É neste ano de 1843 que começou a publicar, na Revista Universal Lisbonense, as Viagens na Minha Terra, descrevendo a viagem ao vale de Santarém começada em 17 de Julho.

Anteriormente, em 6 de Maio, tinha lido no Conservatório Nacional uma memória em que apresentou a peça de teatro Frei Luís de Sousa, fazendo a primeira leitura do drama.

Continuando a sua oposição ao Cabralismo, participa na Associação Eleitoral, dirigida por Sá da Bandeira, assim como nas eleições de 1845, onde foi um dos 15 membros da minoria da oposição na nova Câmara. Em 17 de Janeiro de 1846, proferiu um discurso em que considerava a minoria como representante da «grande nação dos oprimidos», pedido em 7 de Maio a demissão do governo, e em Junho a convocação de novas Cortes.

Com o despoletar da revolução da Maria da Fonte, e da Guerra Civil da Patuleia, Almeida Garrett que apoia o movimento, tem que passar a andar escondido, reaparecendo em Junho, com a assinatura da Convenção do Gramido.

Com a vitória cartista e o regresso de Costa Cabral ao governo, Almeida Garrett é afastado da vida política, até 1852. Em 1849, passa uma breve temporada em casa de Alexandre Herculano, na Ajuda. Em 1850, subscreve com mais de 50 outras personalidades um Protesto contra a Proposta sobre a Liberdade de Imprensa, mais conhecida por «lei das rolhas». Costa Cabral nomeia-o, em Dezembro, para a comissão do monumento a D. Pedro IV.


Com o fim do Cabralismo e o começo da Regeneração, em 1851, Almeida Garrett é consagrado oficialmente. É nomeado sucessivamente para a redacção das instruções ao projecto da lei eleitoral, como plenipotenciário nas negociações com a Santa Sé, para a comissão de reforma da Academia das Ciências. Em 25 de Junho é agraciado com o título de Visconde, em duas vidas.


Morre devido a um cancro de origem hepática, tendo sido sepultado no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.


C.C.

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