quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Homenagem a Miguel Torga

Os Professores do Departamento de Língua Portuguesa seleccionaram, no presente ano lectivo, dois contos do escritor Miguel Torga, para leccionarem, no 7º e 8º Anos de Escolaridade, por se comemorar em 2007 o centenário do seu nascimento, a que se seguirá uma breve nota biobibliográfica.

Adolfo Correia da Rocha adoptou, em homenagem ao escritor Espanhol Miguel de Cervantes, o pseudónimo Miguel e Torga por ser um elemento da natureza, uma urze, da sua região, com a qual o escritor tanto se identifica.

Miguel Torga, como todos o conhecemos, nasceu em São Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, distrito de Vila Real de Trás – os - Montes, em 12 de Agosto de 1907, vindo a falecer, em Coimbra, no ano de 1995.

Filho da terra e obrigado a emigrar para o Brasil, cedo aprendeu as dificuldades da vida, não apenas as da sua terra natal, mas também as de um emigrante, que, longe da pátria e dos familiares mais próximos, tem necessidade de recordar as suas vivências.

Regressado a Portugal, licencia-se em Medicina, em Coimbra, e tenta, ainda, exercer a sua actividade em Trás-os-Montes, tendo concluído: “-Gosto muito da minha terra, mas sinto que já não pertenço aqui.” Regressou, então, a Coimbra, onde, a par da medicina, vai escrevendo sobre as suas raízes e sobre o seu quotidiano, como pode constatar-se na sua vasta obra, de que são exemplo: Ansiedade, 1928; Rampa, 1930; Pão Ázimo, 1931; Abismo, 1932; O Outro Livro de Job, 1936; A Criação do Mundo, 1937; Os Bichos, 1940; Novos Contos da Montanha, 1944; Pedras Lavradas, 1951; para além dos dez volumes do Diário, publicados entre 1941 e 1968, dentre muitas outras.

Miguel Torga assumiu, desde sempre, uma posição crítica, face à sua realidade, teve reflexões de moralista, que se reflectem nos contos leccionados, fez parte do grupo da Presença, dirigiu, com Branquinho da Fonseca, a revista Sinal, 1930 e mais tarde a revista Manifesto. Não se filia em escolas, pois o seu temperamento exige-lhe independência, para poder tecer a sua crítica acerba sobre todos os assuntos do quotidiano do seu país.
c.c.

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